Realeza na Guiné!
Hoje é quarta feira, dia 19 de Abril, e eu estou em Bolama. Passei cá a Páscoa, não só isolado como ainda por cima a ter de trabalhar. O trabalho não foi muito, mas o suficiente para me obrigar a ficar cá. Decidi por isso que ia hoje para Bissau, mesmo não sendo nada oportuno visto o meu número dois ainda não ter voltado de Bissau onde foi passar os feriados com a família (à cães com sorte)... Vejam bem que perdeu a canoa (ele e mais 5 dos meus trabalhadores de maior responsabilidade) porque a canoa em vês de sair ao meio dia como combinado saiu às onze. Os horários desta terra são mesmo muito bons...
Ontem foi por isso um dia muito mau, com problemas a vários níveis pelo que decidi que ia a Bissau a não ser que aparece-se uma emergência excepcional. Quando falei com o pessoal sobre a minha decisão comentei jocosamente “ Mas pelo andar da carruagem ainda me vão inventar qualquer coisa em Bissau para eu ter de ficar!” e meu dito meu feito...
Ontem à noite, perto das dez horas recebo o fatídico telefonema. Achei estranho porque aquele patrão nunca me telefona, de facto, apesar de ser ele o responsável máximo pela orientação das obras (no entanto visitou-nos menos de seis vezes, quatro delas ao fim de semana, voltando no mesmo dia!), a única vez em três meses que me telefonou foi por um assunto não relacionado com a fábrica. Desta vez não foi diferente, a honra do seu telefonema deve-se à visita de “El Rey” D. Duarte, Duque de Bragança a terras Bjagós. É verdade meus amigos, estou neste momento à espera que chegue a comitiva régia. Vou receber no meu palácio senhorial o Duque de Bragança e uma comitiva de mais duas pessoas, para além dos meus dois patrões (que, quando pedi para cá virem esta semana me disseram que não podiam de maneira nenhuma vir a Bolama por causa dos seus negócios... enfim as prioridades são uma coisa interessantíssima).
Como é óbvio, estes acontecimentos inesperados inviabilizaram a minha ida a Bissau, aumentaram a carga de stress cá da ilha, principalmente porque o meu patrão considera que mesmo no Cu do Mundo (leia-se Bolama) um convidado, especialmente um pretendente ao trono Português (mesmo que seja uma pretensão idiota e irrealizável) merece ser tratado com toda a poupa e circunstância (só me falta exigir que os empregados sirvam de luva branca).
Já sei que vão se dar as situações mais caricatas, principalmente quando chegar a altura de tomarem o belo banho de caneco, para não falar na protecção (ou falta dela) contra mosquitos e o calor nos quartos. Só a ideia do reizinho ter de usar o balde para fazer a descarga da casa de banho faz-me rir (“olhe, parece que o autoclismo não funciona”)! A sorte deles é que eu tenho cá uma reserva de whisky, vinho e cerveja para estas emergências, pelo que em último caso espeto-lhes uma bebedeira colectiva que só se levantam amanhã para apanhar o transporte de regresso.
Vou tentar me colar à ida deles com a promessa de voltar na sexta-feira...
Desejem-me sorte! (Bem preciso)
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