Não sei se está a passar na televisão portuguesa, mas pelo menos todos os dias falam nisso na RDP Africa, como tal devo presumir que qualquer coisa devem ter ouvido. Mesmo que não seja esse o caso tentarei humildemente aumentar os vossos conhecimentos de cultura geral, história e actualidade…
Casamansa é uma região do Senegal, que faz fronteira com a Guiné-bissau no Noroeste do país. Esta região era inicialmente Portuguesa, mas no decorrer de negociações do famoso mapa cor-de-rosa no final do século dezanove, para obter o apoio da França literalmente trocámos Casamansa por uma pequena fatia a sul da Guiné. Ficámos claramente a perder com a troca e ainda para mais, em consequência do famoso ultimato Inglês… (os nossos mais antigos “aliados”), ficamos também sem a língua de terra que ligaria Angola a Moçambique. È portanto uma região que mantém algumas ligações a Portugal e principalmente a algumas etnias que habitam na Guiné-bissau, como os Falupes. Estas ligações são muito mais fortes que linhas traçadas no mapa, principalmente considerando uma fraca colonização francesa e um desejo de independência mal o Senegal conquistou a sua.
Depois é preciso ter em conta que Casamansa é considerado o pomar do Senegal, por isso uma região economicamente muito importante. O qual não a vai ceder facilmente, o que explica os quarenta anos de luta armada dos guerrilheiros.
A forte ligação entre os guerrilheiros e a população do noroeste guineense (por vezes até de sangue) é reflectido através da existência de muitas bases clandestinas no país (utilizadas para ataques surpresa no Senegal), fornecimento de alimentação e outros matérias e tráfico de armas da Guiné para Casamansa. Um pequeno aparte, a questão do tráfico de armas foi o rastilho que despoletou o conflito armado em 98, que provocou a queda do regime de Nino Viera (sim, o mesmo que é novamente presidente desde 05).
O Senegal, como a maior potência da Africa Ocidental a seguir à Nigéria, e com muita influência na Guiné-Bissau, exerce grande pressão ao Governo para acabar com estes apoios e bases militares. A Guiné cedeu à pressão e está a fazer uma tentativa para eliminar os rebeldes… curioso como a história se repete, mas desta vez os repressores são os guineenses e os rebeldes os casamansenses (estará correcto?) e mais uma vez o poder instalado leva pancada forte e feia. Entretanto em S. Domingos, a localidade mais perto da fronteira esteve a ferro e fogo até quarta feira de madrugada, mas dizem que está mais calmo e até os refugiados começam a retornar às casa, no entanto sabe-se que fora das localidade a luta continua e guineenses continuam a morrer…
Enfim, eles que tenham juízo e resolvam a coisa com um jogo de damas!
Um Abraço
PS: A todos os leitores em geral e as leitoras em particular, não se preocupem comigo que me encontrarei na pacata ilha de Bolama, onde a verdadeira guerra é travada nas viagens de canoa e pelo preço do caju (leia-se vinho de) principalmente após uns litros.
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