Zé, o tuga do costume, vive num país rodeado pelo laxismo e a ineficiência, deixo-me vencer e vou atrás deles, triste fado trágico-comediado, que é o dia a dia de cada um de nós. o Blog em aberto, porque todos nos identificamos com o aZElha!

 

 

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sábado, 28 de janeiro de 2006

Alimentação GB

A Guiné Bissau, à semelhança de todos os países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento tem obrigatoriamente um alimento que possa ser considerado a base alimentar do povo (o famoso púbis!). No caso da Guiné este alimento é o arroz! A explicação é muito simples. O clima quente e muito húmido, com quatro meses de chuva intensa e a abundância de recursos hídricos favorece a cultura deste cereal. Por outro lado, o que mais interessa ao povo, com fracos recursos é que o alimento seja rico em hidratos de carbono como fonte de energia e barato para poder ser consumido em abundância.
A maneira como o consomem é também interessante. Um agregado familiar necessita unicamente de ter um recipiente suficientemente grande para conter o arroz que irá ser consumido, normalmente esse recipiente é um banal alguidar de plástico. O uso de colher e principalmente de pratos individuais representa uma certa elevação sociocultural, já que muitos são os que não os utilizam, comendo regularmente directamente do alguidar com as mãos, principalmente nos ambientes informais e familiares. Em termos higiénicos esta prática deixa muito a desejar e é apontada como um dos principais vectores de contágio para doenças como a cólera. Estes hábitos podem parecer chocantes e impensáveis para uma pessoa com uma cultura ocidental, mas apresenta algumas considerações importantes. Esta maneira de estar reforça entre outras coisas os laços de união, camaradagem e solidariedade entre pessoas, sendo estes valores fundamentais para a sobrevivência dos menos favorecidos (que representam uma boa fatia da população total). Por isso antes de tecermos comentários e criticas a estes hábitos devemos tentar perceber o porquê das coisas.
Mas voltando ao arroz... Para melhor descrever a importância e a amplitude da “cultura” do arroz (cultura no sentido cultural e não agronómico) vou dar alguns pequenos exemplos que eu considerei especialmente engraçados. O primeiro passa pelas quantidades exorbitantes de arroz consumido individualmente. Muitas foram as vezes que vi homens e mulheres a baterem-se literalmente com mais de um quilo de arroz e a ganharem a batalha com certa facilidade. Posso mesmo arriscar a afirmar que poucos são os que não conseguem comer mais de um quilo de arroz se o puderem fazer! É de facto impressionante! Por outro lado, o hábito faz o monge como tal, se oferecerem uma refeição a um Guineense, independentemente do seu estrato social (salvo raras excepções que confirmam a regra) aconselho vivamente a que incluam uma boa travessa de arroz, mesmo que a comida confeccionada aparentemente não ligue bem com o dito, caso contrário no final, mesmo que por boa educação não vos digam, lá dentro ficarão a pensar “estava muito bom, só faltava mesmo um pouco de arroz!”.
Se ainda não estão convencidos tenho ainda outro exemplo a nível prático que poderá ajudar a perceber. Ao contrário de nós, como já referi, o arroz não é um acompanhamento mas a base da refeição e isso comprovasse facilmente. Sempre que discuti aspectos de alimentação com trabalhadores ouvia com frequência a expressão de “vianda com mafé”. Vianda já sabia que era arroz o “mafé” é que me fazia mais confusão e durante bastante tempo pensei que era um tipo de peixe, porque normalmente o mafé era composto por peixe. Erro meu, o “mafé” é aquilo que nós chamamos de acompanhamento, que poderá ser peixe, carne, mandioca e molhos ou pastas feitas à base de vegetais, destas destaco o “bajiqui” (tipo espargado mas feito à base de quiabos). Como é óbvio a quantidade relativa de “mafé” é muito inferior à do arroz. Para fazermos o cálculo da alimentação que “oferecemos” aos trabalhadores temos de ter em conta em primeiro lugar em arroz, depois no peixe óleo e sal (essenciais para a preparação de um bom “mafé”) e em “cubo de gosto” (tipo caldo knorr), concentrado de tomate (vendido em latas de 10g), cebolas e vinagre ou limão este terceiro grupo serve para temperar e melhorar a refeição. Com estes alimentos e ingredientes conseguem satisfazer o pouco exigente palato do púbis.
Infelizmente, apesar de comparativamente com Portugal o peixe ser muito barato é ainda assim muito caro para os bolsos guineenses, principalmente no interior onde o peixe é mais escasso e de pior qualidade, o que provoca claras deficiência ao nível proteico da dieta alimentar. O leite poderia de certo modo colmatar esta falha, infelizmente devido a problemas de conservação não há grande tradição na ordenha de animais, por isso o leite só é acessível em pó e consequentemente caro... É no entanto possível encontrar “leite azedo”, um primo do nosso iogurte, nos mercados (aconselharam-me a não experimentar, mas quem come diz que é bom...). Ao nível das vitaminas, à excepção da vitamina D (assim como o cálcio devido à escassez do leite), o povo aguenta-se devido à abundância de fruta boa e barata, das quais destaco nesta época do ano a laranja, mas podemos incluir a “maçã” do caju, ananás e manga nas suas diferentes épocas e das limas, bananas e papaias durante todo o ano (existem mais mas neste momento não me recordo). Ao nível de vegetais, apesar da abundância em vegetais não existe grande tradição no consumo dos mesmos, principalmente porque apesar de acessíveis são vistos como “luxos” desnecessários o que poderá provocar deficiências ao nível de macronutrientes como o ferro, magnésio e potássio muito importantes para o bom funcionamento do nosso organismo.
Em jeito de conclusão, a principal e muito grave deficiência está na falta de proteínas (ainda mais grave por não ser de solução fácil) e de macronutrientes (relativamente fácil de colmatar em teoria, mas de grande resistência cultural).
No limite o que falta mesmo é o dinheiro...

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