A senhora Barbara Bush decidiu deslocar-se a Houston para visitar as vítimas do furacão Katrina. No Astrodome, a mãe presidencial encontrou muitos residentes em Nova Orleães, que depois de abandonados e após sofrerem agruras indiscritiveis numa cidade em estado de sítio, encontraram ali um precário refúgio.
A senhora ficou “encantada” com o que viu, declarando candidamente que no imenso pavilhão “aquela gente” tinha melhores condições de vida do que antes do furacão, eram afinal, simples “desprotegidos”! (som das declarações)
A ingenuidade e indescritível estúlticia da senhora traduz, no fundo, o pensamento de uma multidão que se auto-satisfaz com o exercício da caridadezinha, que ocupa a ociosidade imbecil na contemplação do recorte das folhas, ignorando a árvore, desconhecendo em absoluto a existência da floresta. Para este conjunto de mentecaptos, a existência traduz-se numa equação que lhes é favorável. Na sua infinita ignorância, entendem que a pobreza, a existência de “desprotegidos”, constitui uma inevitabilidade divina que eles, na sua magnanimidade, ajudam a tornar mais "alegre" oferecendo uma esmolinha aos pobrezinhos. Assim confortam a sua sensibilidade, assim entendem ter reposto as coisas no seu equilíbrio celeste, regressando a casa com a aura de uma alma piedosa.
Lamentavelmente esta gente ocupa o poder nos Estados Unidos.
À luz destas ideias, deste pensar insano, tão singelamente alardeado pela inefável senhora Bush, talvez se compreenda melhor o descalabro humanitário dos dias pós-furacão, talvez se perceba melhor a argumentação dos senhores e senhoras “neo-liberais”.
Aqui, no excelente Abnegado.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página inicial