Ao reparar nos cartazes espalhados pela cidade (que vim a saber serem patrocinados pela Dove (?)...) dei por mim a pensar nos padrões de beleza vigentes e se haveria uma relação entre esses padrões de beleza e classe social. Dir-me-ão alguns que isso da luta de classes não se justifica e muito menos na beleza feminina. A minha tese vai em sentido contrário.
Numa primeira análise, quem impõe uma moda ou padrão será a classe dominante através das revistas, no entanto, a beleza da classe dominante sempre foi oposta à da classe mais pobre, ou vice-versa. Senão vejamos: No século XVIII ou XIX uma senhora ou menina nunca seriam bronzeadas. Indo mais atrás, a maquilhagem funcionava mais para "esbranquiçar" que dar côr à "alta-roda". Em oposição a mulher de trabalho teria a tez morena por causa do trabalho no campo. No campo ser-se-ia magra. E quem não se lembra dos decotes com grandes "patriotismos" (tanto um como o outro) que devem a sua grandeza ao corpo roliço de quem os carrega?
Hoje passa-se o mesmo: Num país de morenos baixinhos surgem em plenos anos 90 as tias loiras constantemente bronzeadas do solário em oposição à equipa das morenas classe média que só podem ir à Costa da Caparica no fim de semana. Enquanto a populaça engorda as tias esbeltam-se e fica na moda a magreza e o ginásio para não "cair da linha".
Talvez considere que quem faz a moda são os pobres: os ricos e os com poder de compra (os wannabes) fogem a sete pés dos "desvios" estéticos de quem vive no Bairro da Boavista ou na Picheleira. Seriam esses os "desvios" mostrados na dita campanha? Não, não seriam, porque até aí, a velha, a gorda e a borbulhenta são bonitas. Vão enganar outro, ó palhaços!
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