O que divide os portugueses não se conta pelos dedos de duas mãos, mas o que divide mesmo os portugueses, o que corta a sociedade portuguesa a meio, como um cutelo não é ser-se de direita ou esquerda. Não é ser-se crente ou ateu, ou mesmo agnóstico, nem tampouco ser-se a favor da despenalização do aborto ou contra a despenalização, bem como se ser do Benfica ou do sporting. Não é se gostamos mais de carne ou de peixe ou se defendemos a despenalização do consumo das drogas ou se somos proibicionistas nesse âmbito. Não é, concerteza entre quem lê o “Jornal de Letras” ou “A Bola”, não é quem lê em papel ou quem lê no computador e não é entre quem tem carro ou quem usa o passe social. Não é, certamente, entre o litoral e o interior ou entre o rural e o urbano e muito menos entre quem vê a 2: ou a TVI. Será muito menos entre homens e mulheres, heterosexuais e homosexuais e transsexuais e metrosexuais e bissexuais ou entre quem tem filhos e quem não os tem. Não é entre as pessoas que defendem a adopção de crianças por homosexuais e quem é contra ou quem defende o uso do preservativo e quem condena a sua utilização. Não é entre quem usa netcabo ou adsl e quem usa banda estreita e não é entre quem defenda um Estado mais forte ou quem defenda um Estado apenas regulador ou ainda entre quem defenda a economia de mercado livre ou quem ache que esta devia ser mais centralizada. Não é, também, entre quem vota, que não vota ou quem vota em branco e não é entre quem ouve Bach ou Sex Pistols ou compra o último disco de Tony Carreira ou dos Micro Audio Waves e muito menos entre quem passeia, numa indolente tarde de domingo, no colombo ou em Belém ou vai a um concerto da Gulbenkian. Não será entre quem prefere praia ou campo ou entre quem passa 15 dias em Porto Alegre ou quem vai à Costa no fim de semana. Não é entre quem prefere o hotel ao campismo ou entre vegetarianos convictos e alambazadores de carne vermelha. Não é entre o Big Brother e o Prós e Contras e não é entre os matraquilhos ou o bridge. O que separa os portugueses não é o Santana, o Lopes, o Jerónimo, o sócrates ou o Anacleto (desculpa, Carmelinda). O que separa os portugueses é simplesmente...
- Queria uma cerveja, se faz favor...
- Sagres ou Super Bock?
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