Logo pela manhã acompanho o desenrolar das eleições nos EUA: estranho logo o facto de serem ao dia de semana (as eleições nos EUA são sempre às terças feiras), mas o seu a cada um nem custa assim tanto a aceitar...
O que mais me choca são as sondagens que a CNN vai apresentando: Bush ganha sempre mesmo na população urbana, embora os maiores crescimentos se verifiquem na camada com mais de 50 anos.
Isto só vem corroborar a minha percepção das eleições dos EUA deste ano como uma situação distorcida de realidade e de alguma sanidade mental, também. E porquê? Sendo uma das mais importantes eleições que os EUA têm pela frente, nem que seja pelo caminho bifurcado que a política externa terá (já nem falando na política interna ao nível da assistência médica, sistema de educação, igualdade de géneros, etc.) a apatia é generalizada: segundo o Expresso, “não há campanha na maior parte do país”. Isto acenta no facto de a esmagadora maioria do eleitorado americano não votar: cerca de 70%, número esse que nunca é explorado pela comunicação social portuguesa.
Mais ainda, as incongruências entre sondagens e o resultado eleitoral (digo isto porque acredito que Bush ganhe, ainda que não o apoie) são dignas de um quebra cabeças: Numa sondagem realizada pala CNN, USA Today e Gallup [1] que consistia em três perguntas baseadas no visionamento dos três debates entre Bush e Kerry: “Quem esteve melhor?”, “Quem se expressou com mais clareza?”, “Quem mostrou melhor entendimento dos dossiês?” e “Quem foi o mais credível?” os resultados foram os seguintes:
.1 “Quem esteve melhor?”
Bush: 39%
Kerry: 52%
.2 “Quem se expressou com mais clareza?”
Bush: 29%
Kerry: 61%
.3 “Quem mostrou melhor entendimento dos dossiês?”
Bush: 37%
Kerry: 49%
.4 “Quem foi o mais credível?”
Bush: 45%
Kerry: 48%
O que é interessante é o facto da quarta pergunta ter uma mensagem semelhante aos resultados das sondagens que dão a vitória a Bush (que são a maioria). Deste modo, enquanto a apreciação geral do candidato democrata é melhor que da de Bush os resultados são mais favoráveis a este último: um paradoxo?
E este absurdo é baseado no quê? Sinceramente, e visto que entre democratas e republicanos a diferença está entre uma direita mais dura, religiosa, branca e rural e uma direita mais urbana e com alguns laivos de discussão se representa a esquerda americana (o que não faz sentido: a esquerda tem em Nader um bom candidato) o que o eleitorado quer à boa maneira de direitista é um líder forte, um “commander-in-chief”, que os guie nessa missão evangelizadora.. Esta necessidade de um líder “forte” traiu Kerry, pois os americanos não veêm nele o camandante supremo, o “líder do mundo” nas próprias palavras de Kerry.
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[1] Expresso 16OUT2004
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