Estava interessado nos resultados obtidos por Hugo Chávez no referendo de Domingo na Venezuela. E por várias razões. Por tentar perceber o posicionamento da esquerda (BE principalmente) perante uma derrota o actual presidente ou para descortinar as desculpas que a direita iria apresentar para este forrobodó latino- americano.
Após o referendo sabemos o resultado: Chávez ganhou – outra vez – e “sem espinhas”. A oposição perde por 16% e alega – outra vez – eleições fraudelentas lembrando-me de Jonas Savimbi que, certamente só aceitaria o resultado de umas eleições se estas lhe fossem benéficas.
Nas eleições presidencias de 2000, Chávez ganha contra uma imensa coligação (de direita e de “esquerda” estilo PCTP-MRPP) mesmo combatendo contra concorrentes apoiados pela CIA como noticiado pelo El Mundo. Aliás a comunidade internacional divide-se na apreciação deste Hugo Chávez: Espanha, o Cônsul Brasileiro e outras nações latino-americanas congratulam o presidente e os EUA condenam-o veementemente. A direita venezuelana e imigrantes seguem o caminho do “amigo mericano”. A UE espera. Cá no feudo as opiniões saiem como um relógio atómico: João Pereira Coutinho (JPC) e a sua verborreia dispara: “A economia venezuela está desfeita em pedaços – estruturalmente desfeita (N. Da R.: Interessante esta redundância) e nem o petróleo momentâneo a salva”. Mai ainda afirma que “Hitler é um produto democrático”, que “muitas das misérias que actualmente sacodem África são, rigorosamente falando, misérias democráticas”.
Exijo tempo de antena para responder. Bem sei que ele é pago para escrever e a única coisa que eu ganho é um ou outro comentário, mas isso não lhe confere o direito de abusar de uma verborreia hemorróica atróz com os patinhos do “Indy” (Como JPC chama ao seu “O Indepenente”) atrás a abanar o rabinho e a escrever o que a mãe pata diz.
Bem, após um momento de descontração e de exteriorização de sentimentos menos cristãos digo:
A economia venezuelana após indicadores económicos deploráveis em 2002 e 2003 com quebras de crescimento na ordem dos 8 e 9% apresenta, segundo o “The Economist” (a mesma publicação que apresentava o presidente venezuelano com os dias contados) um crescimento de 12% previsto para 2004. Apre! Co’a breca ó João Pereira! Eu não entendo de economia, mas 12% num ano nao é bom? O interessante nos comentários (“acutilante” seria um adjectivo que JPC adoraria) é a afirmação em jeito de rajada à meia altura, mas sem qualquer argumentação baseada em dados, de preferência de entidades reconhecidas. Pois assim, sem “creditação” continua o discurso de JPC comparando Hitler a Chávez em jeito de prova inequívoca que os eleitores podem votar em quem quiserem que este analista, conforme a sua visão, consegue sempre provar que a sua escolha está errada. No final de contas nem está muito errada, mas quando se vota à esquerda, independentemente do candidato, vota-se mal. Em relação a África, cheia de governantes corruptos que devotam as suas populções à pobreza e miséria, gostaria que me respondesse a duas questões:
1ª. Quantas “democracias” não são controladas por potências estrangeiras?
2ª. Ainda que devotadas à pobreza, que dirão os suecos do nosso terceiro mundismo na justiça, educação ou acidentes rodoviários? Será que estes têm o direito de fazer comentários ao estado da nossa democracia observando o nosso país?
Ainda assim, JPC comporta-se como um míudo frustrado (repararam como a blogosfera de direita deixou passar este acontecimento ao lado?) que para não ser acusado de facciosismo não deixa de mandar a sua farpa. Igual si próprio a lembrar-me o burro do Shrek: “Pick me, pick me!”.
Outro analista escreve no editorial do Expresso mais malidicicências, mais provas irrefutáveis que não se dão ao trabalho de provar ou de mostrar a fonte (a bibliografia da tese destes jornalistas devia ter apenas um livro: o restante eram fontes anónimas que, pela ética jornalística não seriam obrigados a mostrar). No tal artigo (editorial) apresenta-se uma justificação da vitória de Chávez: Aquele que dá aos pobres, mas não desenvolve. Aquele que dá o peixe, mas não a cana. Aquele que não investe com a venda do petróleo porque o dá aos pobres. Mais ainda, comete erros crassos: “paga ao médicos para darem consultas grátis aos mais necessitados e fornece géneros a metade do preço” Que nojo de governante: Fornece cuidados médicos a quem não pode e vende alimentos a metade do preço para que os que não têm dinheiro o possam comprar. Realmente o neoliberalismo é uma corrente horrorosa: Somos todos obrigados a sofrer para ter mais um dia mais tarde: “Há momentos em que o governantes têm de desagradar aos eleitores para garantir o futuro”. Parece que esta ideia baseia-se no sofrimento cristão dos jejuns e outras penitências fashion que a Opus Dei promove. O que irrita estes jornalistas (JPC não deve ser um jornalistas, mas sim um “analista político”) não é o facto de – novamente – estarmos em presença de um regime que redistribua (Chávez é adepto de uma terceira via entre o capitalimo e o comunismo “falhado” nas suas palavras), mas pecado dos pecados mortais, de esquerda que viu ser reiterado após referendo e após eleições presidenciais que decorreram com normalidade (segundo testemunhos dos observadores da Fundação McArthy). Este é o pecado capital: Podem-se vencer eleições, mas apenas se se fôr de direita.
Mas afinal, em jeito de conclusão, qual a posição americana? A CIA viu o seu dinheiro deitado à rua com o apoio dado à oposição (ou nem por iso; de facto a oposição queixa-se que foi traída pelo “amigo americano” por 3,5 milhões de barris por dia [Expresso, 21 de Agosto]), o El Mundo escreve artigos em que denuncia a posição da espionagem americana (como se isso manchasse o curriculum dos meninos) e um conjuntos de países congratulam a Venezuela pela escolha. Ah! Os imigrantes portugueses não estão contentes com a situação.
PS: é demasiado fácil esquecer o Plano Bolívar 2000 em que o exército fica com a missão de reconstruir escolas e edifícios públicos. Naturalmente, estes nossos jornalistas afirmariam que numa verdadeira democracia tinham que haver um concurso público para que uma construtora pudesse ganhar com uma proposta em 50% abaixo do valor que na realidade iria gastar.

















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