>>> SOBRE A AGRICULTURA BIOLÓGICA
Nestes últimos tempos, o governo deu indicações que tomaria mais em atenção a agricultura biológica (AB) enquanto método mais saudável de alimentação humana, lançando um conjunto de medidas que potenciam esta actividade económica. ECONÓMICA! Não é apenas a vontade de meia dúzia de maduros em produzir em colaboração das abelhinhas.
Em reposta ao Causa Liberal e ao Liberdade de Expressão (que não possui comentários daí o meu post) decidi escrever umas linhas sobre o assunto, baseando-me na informação exposta do site da Agrobio.
«A Agricultura Biológica é um sistema de produção holístico, que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a actividade biológica do solo. Privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a factores de produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados às condições regionais. Isto é conseguido, sempre que possível, através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos.»
Codex Alimentarius Comission, FAO/WHO, 1999
A Agricultura Biológica, também conhecida como “agricultura orgânica” (Brasil e países de língua inglesa), “agricultura ecológica” (Espanha, Dinamarca) ou “agricultura natural” (Japão) caracteriza-se por possuir uma base:
"Ecológica
Baseia-se no funcionamento do ecossistema agrário e recorre a práticas – como rotações culturais, adubos verdes, consociações, luta biológica contra pragas e doenças - que fomentam o seu equilíbrio e biodiversidade;"
NOTA: A agricultura dita "convencional" (AC) usa rotações (a norfolk será a mais conhecida em regimes temperados) e é uma ferramenta essencial no combate a pragas e doenças, manutenção do fundo de fertilidade, recuperação de solo, combate à erosão, etc. A AB não é detentora por "copyright" desta prática, assim como a utilização de adubos verdes (o enterramento de leguminosas), as consociações (de culturas esgotantes e melhoradoras) e luta biológica (a protecção integrada serve exactamente para isso).
"Holística
Baseia-se na interacção dinâmica entre o solo, as plantas, os animais e os humanos, considerados como uma cadeia indissociável, em que cada elo afecta os restantes;"
NOTA: A agricultura dita "convencional" baseia-se no(s) interface(s) ar-planta-solo e vê o Homem como consumidor último da cadeia alimentar na qual se incluem vegetais e se podem incluir animais.
"Sustentável
Visa:
* manter e melhorar a fertilidade do solo a longo prazo, preservando os recursos naturais solo, água e ar e minimizar todas as formas de poluição que possam resultar de práticas agrícolas;
* reciclar restos de origem vegetal ou animal de forma a devolver nutrientes à terra, minimizando deste modo o uso de recursos não-renováveis;
* depender de recursos renováveis em sistemas agrícolas organizados a nível local. Assim, exclui a quase totalidade dos produtos químicos de síntese como adubos, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos alimentares para animais."
NOTA: A agricultura dita "convencional" utiliza técnicas de manutenção e recuperação da fertilidade do solo com o intuito primeiro de elevação do teor de matéria orgânica: Adubação verde, consociações, compostagem, uso de leguminosas e, simbiose com o rhizobium, culturas em curvas de nível, uso de barreiras vivas, incorporação de estrume de gado na terra (adubação orgânica), etc. A minimização dos excedentes poluentes não é rara, mas acontece em explorações de algum tamanho: A agricultura tradicional, tantas vezes apontada como ignorante pelos ecologistas, é bastante equilibrada.
A reciclagem de maneriais é feita quando ou se incorporam na própria exploração ou se vendem para sub-produtos (estrume, palhas, etc.)
A dependência de adubos de sintese não causa qualquer problema desde que se cumpram as normas de segurança bem como os seus intervalos de segurança. Os reguladores de crescimento são usados em animais bem como os aditivos o são em animais e plantas tal como nós tomamos vitaminas, "Centrum" e "Cerebrum" Não justifico, no entanto o seu uso indiscriminado e não fiscalizado.
!Socialmente responsável
A Agricultura Biológica une os agricultores e os consumidores na responsabilidade de:
* Produzir alimentos e fibras de forma ambiental, social e economicamente sã e sustentável;
* Preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais;
* Permitir aos agricultores uma melhor valorização das suas produções e uma dignificação da sua profissão, bem como a possibilidade de permanecerem nas suas comunidades;
* Garantir aos consumidores a possibilidade de escolherem consumir alimentos de produção biológica, sem resíduos de pesticidas de síntese e, consequentemente, melhores para a saúde humana e para o ambiente."
NOTA: A agricultura dita "convencional" preserva tanto a biodiversidade como a AB. De facto, de uma forma bastante irónica e sarcástica até podemos dizer que alimenta mais a biodiversidade que a AB, pois inicita à utilização e cultura dos alimentos melhorados genetica ou somaticamente...
A valorização das produções dos agricultores está directamente relacionada com a concorrência que têm no mercado e com os preços que daí poderão advir, logo, se a situação fosse a oposta (a AB em larga maioria) os preços da agricultura convencional seriam também "valorizados" e os agricultores "dignificados". Isto é uma falsa questão, apenas muda com o lugar na barricada. Última qustão: Se não houvesse "pesticidas de síntese" qual era a produção por hectare de um milho, tomate ou laranja?
A AB é uma agricultura que, apesar de perseguir bons intentos, tem algumas desvantagens de base:
i) É economicamente incorrecta, por ser uma geradora de produtos inflacionados que só poderão estar longe dos bolsos da grande maioria dos consumidores em países industrializados ou pobres (ainda mais nestes);
ii) gera ideias erradas, da actividade brutalmente poluente (que em certas actividades como as suiniculturas é) que é a agricultura quando a indústria é bem mais inflaccionadora desses indices de poluição;
iii) parte do principio que a AC não tem atitutdes biologicamente sustentáveis quando TODAS as técnicas de sustentabilidade biológica utilizadas pela AB vieram da AC.
iv) será mais um nicho de mercado para uma gama de empresas que querem vender produtos saudáveis a uma população urbana. Até aqui tudo bem, mas não esqueçamos que apenas é um negócio e como qualquer outro negócio apenas persegue o lucro. Mas o lucro não se compadece uma vontade e bem-estar humanos ultrajados...
A AB tem, no entanto, vantagens inegáveis:
i) Atenta na situação de (falta) de segurança aimentar no mercado de procutos alimentares nacional e internacional;
ii) Alerta para o desiquilibrio no uso de determinadas substâncias em condições totalmente desaconselháveis;
iii) Ajuda à retoma ;) pois cria um nicho de mercado com produtos com muito maior valor acrescentado que os seus mais directos concorrentes;
Comer bem e de qualidade é óptimo, mas quem compra um quilo de cebolas a 700 paus? Apenas quem pode...
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